escritor poeta, radialista,

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Cientista propõe transmitir a internet para civilizações alienígenas


Antenas do programa SETI, desenvolvidas para captar sinais, mas não para enviar - DIVULGAÇÃO/SETI

O programa Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI) opera desde a década de 1960 com imensas antenas que rastreiam o cosmo em busca de sinais de vida alienígena inteligente. Agora, cientistas debatem a possibilidade de engajar a procura ativa, batizada como Messages to Extraterrestrial Intelligence (METI), que consiste no envio de mensagens ao espaço. A proposta é controversa, já que poderia indicar a localização do nosso planeta para civilizações hostis, mas alguns, como o astrônomo Seth Shostak, diretor do programa SETI, defendem até mesmo a transmissão dos conteúdos da internet.
Entre os opositores a essa abordagem está o físico Stephen Hawking. Em sua opinião, os humanos deveriam se manter em silêncio, porque as mensagens poderiam atrair ao nosso planeta forças hostis em busca de recursos.
— Se alienígenas nos visitarem, o resultado poderá ser o mesmo de quando Colombo desembarcou na América, o que não foi bom para os nativos — afirmou Hawking, ao falar sobre o tema em 2010.
Em longo artigo publicado no “New York Times”, Shostak tenta desconstruir esse temor. Segundo ele, enviar uma mensagem ao espaço seria como lançar uma garrafa com uma carta no oceano, algo que há alguns anos não seria tão controverso, mas que nos últimos dois anos se tornou uma preocupação real, pois “astrônomos descobriram dezenas de bilhões de planetas que poderiam abrigar vida em nossa galáxia. Consequentemente, acreditar que apenas a Terra teria desenvolvido inteligência é insistir que o nosso mundo seria palco de um milagre”.
Shostak relembra tentativas já feitas pela humanidade de enviar mensagens a seres de outros planetas. Na era vitoriana, cientistas usavam lanternas e incendiavam barris de óleo para tentar contatar marcianos. Nos anos 1970, a Nasa colocou mensagens nas espaçonaves Pioneer e Voyager, com informações sobre como os humanos eram e a localização da Terra. Já em 1974, um pictograma codificado foi transmitido para o espaço usando uma antena em Arecibo, Porto Rico.
Em iniciativas mais recentes, cientistas da Nasa fizeram em 2008 transmissões de rádio com músicas dos Beatles em direção à estrela Polaris, a 431 anos-luz de distância. No mesmo ano, mensagens publicitárias de Doritos foram enviadas na direção da constelação Ursa Maior.
— Quando a maioria das pessoas acreditava que alienígenas existiam apenas em Hollywood, a natureza idiossincrática dessas mensagens poderia ser facilmente descartada. Mas se a companhia cósmica é uma possibilidade legítima, não deveríamos oferecer algo mais edificante que músicas populares ou salgadinhos? — afirmou Shostak.
Nesse sentido, Shostak, que defende a busca ativa por vida extraterrestre, propõe o envio de informações mais completas sobre a humanidade, como a internet.
- Os extraterrestres inteligentes devem estar ao menos a dezenas de anos-luz de distância. Mesmo admitindo que a busca ativa provoque uma resposta, não seria uma conversa normal. O simples vai e vem das trocas levaria décadas. Isso sugere que nós devemos abandonar o formato “cartão de visitas” de sinalizações anteriores, e oferecer Big Data aos alienígenas — afirmou Shostak. — Por exemplo, nós poderíamos transmitir os conteúdos da internet. Um corpo tão grande, com seus textos, imagens, vídeos e sons, permitira que extraterrestres inteligentes pudessem decifrar muito sobre a nossa sociedade, e até formular questões que poderiam ser respondidas com o material em mãos. Um laser potente, que transmita os bits como uma fibra ótica, poderia lançar esses dados em poucos dias.
Contra os temerosos do envio dessas informações, Shostak argumenta que qualquer civilização extraterrestre que seja avançada o suficiente para nos ameaçar certamente possui antenas mais potentes que as nossas, instrumentos capazes de captar sinais de rádio e TV transmitidos pelo planeta desde a Segunda Guerra Mundial.
— Nós já estamos gritando na floresta, apesar de usarmos volume menor que um sinal deliberado. Mas as criaturas perigosas podem ter bons ouvidos — afirmou Shostak.

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