Livro promete revelar detalhes do Caso ET de Varginha (Foto: Divulgação / Marco Antônio Petit)
Ufólogo defende que inquérito teve como objetivo esconder a verdade.
Exército diz que caso está encerrado e que não comenta o assunto.
Um novo livro promete revelar detalhes ainda desconhecidos sobre o suposto aparecimento de um extraterrestre no ano de 1996 em Varginha (MG). Sob o título "Varginha, toda a verdade revelada", a obra do ufólogo e escritor Marco Antônio Petit, co-editor da revista UFO e autor de oito livros sofre ufologia, promete denunciar de forma detalhada como o Inquérito Polícial Militar (IPM) conduzido por autoridades na época teria acobertado fatos sobre o caso para que eles não fossem levados a público.
Marco Antônio Petit fez parte como convidado da equipe de ufólogos que investigou o suposto aparecimento do ET na cidade. Segundo ele, até o início do procedimento instaurado pelo Exército, "a verdade era exposta por cada um de nós independentemente de suas possíveis implicações. Após o procedimento, lentamente as coisas começaram a se modificar".
Petit defende que uma nave alienígena caiu sobre a cidade naquele dia 20 de janeiro de 1996 e que parte de sua tripulação foi recolhida pelas autoridades. O que se seguiu depois, conforme o ufólogo, foi uma série de procedimentos que tinham como objetivo principal esconder a verdade. "A coisa foi muito mais séria do que as pessoas ouviram falar ou tomaram conhecimento. Houve inclusive, em certo momento, até a prisão de militares, suspeitos de estarem colaborando com nossas investigações", disse Petit.
O autor do livro tem percorrido diversas cidades do Brasil fazendo o lançamento e dando palestras sobre a obra. Em entrevista ao G1, Petit conta quais detalhes são revelados no livro e o motivo deles serem divulgados somente agora, quase duas décadas depois.
Autor de novo livro sobre o caso Varginha fez parte
de equipe de ufólogos que investigaram o caso
(Foto: Divulgação)
G1 - O título do seu livro é “Varginha, toda a verdade revelada”. Quais verdades ainda faltavam ser trazidas ao público?
Uma expressiva parcela da história do caso não havia chegado ao público, pelo menos da maneira que deveria ter acontecido, e agora isto está acontecendo de maneira clara. Devo ressaltar também que, após a implosão do grupo principal de investigadores, do qual eu fiz parte de maneira efetiva, por meio de situações que chegaram a envolver, inclusive diretamente, procedimentos e atitudes tomadas pela Inteligência do Exército Brasileiro, eu continuei investigando o caso de maneira independente, tendo acesso a outras informações. Outro componente fundamental do livro é minha análise detalhada em um de seus capítulos do Inquérito Policial Militar (IPM), dentro do qual os dois primeiros investigadores do caso prestaram depoimentos dentro da Escola de Sargento das Armas (ESA). O ponto grave, agora denunciado de maneira detalhada pela primeira vez na presente obra, é que este IPM foi mantido, na época de sua realização, em total sigilo pelos principais investigadores do caso, inclusive com minha participação, por me sentir preso a uma espécie de ética com os dois primeiros pesquisadores de Varginha, já que eu havia chegado ao Sul de Minas para participar das pesquisas como convidado. O livro deixa claro, de maneira inédita, por que isto acontece e quais eram os interesses envolvidos.
G1 - Em reportagem online da Revista Ufo é dito que o senhor sempre deixou claro que parte de suas descobertas não poderiam ser reveladas por diversos motivos. Que motivos são esses e por que eles merecem vir à tona agora, 19 anos depois?
Eu me sentia refém de uma situação extremamente desconfortável, que durou muitos anos, ligada ao fato de ter chegado a Varginha para participar das pesquisas como convidado."
Marco Antônio Petit, escritor e ufólogo
Um dos aspectos eu já abordei. De uma forma ou outra, depois da deflagração do IPM, que ao contrário que a mídia divulgou mais recentemente com sua liberação por meio da campanha “UFOs – Liberdade de Informação, Já”, desenvolvida contra o acobertamento pela revista UFO, da qual sou coeditor, e pela Comissão Brasileira de Ufólogos, não foi um procedimento para apurar a realidade ou não do caso, mas sim a existência de ilícito penal (crime) nas declarações dos autores do primeiro livro sobre o caso, as coisas começaram a se modificar dentro do grupo de pesquisadores. Eu me sentia refém de uma situação extremamente desconfortável, que durou muitos anos, ligada ao fato de ter chegado a Varginha para participar das pesquisas como convidado. Até o início do procedimento (IPM), a verdade era exposta por cada um de nós independentemente de suas possíveis implicações. Após o procedimento, lentamente as coisas começaram a se modificar. O livro explica bem todo esse processo e quais os fatos que me levaram a romper com qualquer forma de acobertamento.
Outro fator decisivo, que me levou a revelar outros detalhes sobre a história, foi a constatação recente, por meio de uma investigação liderada pelo coordenador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), o pesquisador Fernando Aragão Ramalho, da atual situação dentro da área militar de alguns dos militares do Exército, que haviam colaborado de início com as nossas pesquisas, passando informações valiosas. Eu mesmo havia gravado um desses depoimentos em vídeo com um militar da ESA diretamente envolvido com o caso.
G1 - A mesma reportagem fala que você defende a queda de uma nave alienígena naquele dia e o recolhimento da tripulação por militares. No entanto, as informações teriam vazado e parte teria sido divulgada à imprensa. O Caso ET, como conhecemos hoje pela mídia, foi maior ainda do que foi noticiado?
Na verdade o caso é muito maior e mais importante do que as pessoas tomaram conhecimento. Teve o envolvimento de um número bem mais numeroso, inclusive de militares de alta patente, cujos nomes apresento de maneira definitiva, para que fique firmado que não estamos brincando de fazer Ufologia. A coisa foi muito mais séria do que as pessoas ouviram falar ou tomaram conhecimento. Houve inclusive, em certo momento, até a prisão de militares, suspeitos de estarem colaborando com nossas investigações.
Na verdade o caso é muito maior e mais importante do que as pessoas tomaram conhecimento. Teve o envolvimento de um número bem mais numeroso, inclusive de militares de alta patente, cujos nomes apresento de maneira definitiva, para que fique firmado que não estamos brincando de fazer Ufologia."
G1 - Na sua visão, como o Exército abordou o acontecimento? Foi feito realmente um grande trabalho de acobertamento dos fatos?
Houve de fato um acobertamento visando manter o sigilo sobre cada detalhe do caso e o envolvimento militar com a história. Esse acobertamento foi liderado ao longo de todo o ano de 1996 pelo comando da Escola de Sargento das Armas (ESA). Houve de fato, como o livro destaca, a participação direta, não só no que diz respeito aos fatos ligados ao caso, mas também envolvendo o seu acobertamento, de altas patentes da Polícia Militar de Minas e do Corpo de Bombeiros, como pode ser vislumbrado inclusive nos autos do próprio IPM relacionados ao primeiro livro sobre Varginha.
G1 - Qual a sua opinião sobre a conclusão do inquérito do Exército, que apontou que o “ET de Varginha” se tratava de um morador da cidade?
O livro demonstra claramente como isto não passou de uma das manobras dos responsáveis pelo IPM, com a participação direta do comandante da PM local na época (1997), para negar a queda da uma nave alienígena e o recolhimento de pelo menos parte de sua tripulação por forças militares. Para que o autor do livro “Incidente em Varginha” pudesse ser inocentado de qualquer forma de responsabilidade criminal dentro do procedimento, era necessário que ele aparecesse como uma pessoa ingênua, que havia dado credibilidade a fatos inverídicos. Ou seja, o caso não podia ser verdadeiro. As duas situações que se concretizaram com o findar do IPM estavam muito mais interligadas do que as pessoas poderiam imaginar. É necessário explicar, para que isto possa ser entendido melhor, como o livro detalha, que o comando da ESA, após o início do IPM em janeiro de 1997, foi substituído e os que assumiram a responsabilidade de dar seguimento ao IPM passaram a tratar o assunto dentro de uma outra ótica, onde os procedimentos da área da Inteligência militar passariam a inspirar todas as atitudes.
Memorial inacabado em Varginha (MG) e o suposto ET no detalhe: assunto ainda gera discussões quase 20 anos depois (Foto: Reprodução EPTV)
A maior prova que esse IPM nunca foi desenvolvido para avaliar a verdade sobre o caso de Varginha está na própria atitude de sigilo mantida pelo Exército durante o procedimento de apuração, e mesmo após sua conclusão. Ele só foi divulgado e chegou à mídia mediante sua localização pelo nosso grupo (CBU). Se a sua conclusão está de fato substanciada nos autos do processo, por que o próprio Exército não chamou a mídia e cuidou de sua divulgação pública? A resposta para essa questão, e tantas outras coisas incompreensíveis para aqueles que acompanharam o caso, está agora finalmente disponível em meu livro.
G1 - O que o Exército ainda insiste em esconder sobre o Caso Varginha?
Em termos de documento hoje de domínio público, o IPM, é a maior evidência de que algo extremamente importante aconteceu de fato no Sul de Minas em janeiro de 1996"
Marco Antônio Petit
O caso envolveu a queda de uma nave alienígena e o recolhimento, como já disse, de pelo menos parte de sua tripulação. E a história não se resume apenas a isso. Todo e qualquer fato desse tipo é considerado, dentro de qualquer nação, na área da segurança nacional e possui implicações na visão dos que defendem o acobertamento, capazes potencialmente de desestabilizarem nossas instituições militares, governamentais, religiosas etc. Isto, entretanto, é apenas parte do problema. Existem outras implicações que aqui não temos espaço para expressar e detalhar. Devo ressaltar, entretanto, que o sigilo sobre Varginha vai muito além dos limites de comando e do interesse de nosso Exército, como destaco também no livro.
G1 - Vocês tiveram acesso a algum documento ou registro que torna inegável que algo de origem extraterrestre esteve em Varginha?
Além dos depoimentos de militares diretamente envolvidos com vários aspectos do caso, gravados em áudio e vídeo (os quais, de início, eu era apenas um dos quatro pesquisadores a possuir, mas que agora, por questões de segurança, já estão também em outras mãos), e de inúmeros testemunhos civis de credibilidade, se de fato estudarmos com atenção os próprios autos do IPM, teremos uma surpresa.
Basta comparar a própria documentação que faz parte do procedimento com as explicações e depoimentos dos militares para percebermos as inúmeras contradições. Em termos de documento hoje de domínio público, o IPM é a maior evidência de que algo extremamente importante aconteceu de fato no Sul de Minas em janeiro de 1996. Um dos motivos do Exército para não permitir sua divulgação envolveu justamente este tipo de realidade. Não basta apenas ler sua conclusão.
O outro lado
Em outubro de 2010, a revista ‘Isto é’ publicou uma reportagem sobre o inquérito policial que apurou a participação do Exército, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros no caso Varginha. O resultado, segundo a revista, deixou claro que não houve nenhuma captura de ser extraterrestre no dia 20 de janeiro de 1996. A reportagem mostrou que o inquérito aberto e concluído em 1997, com 357 páginas, apontou que o que teria acontecido na verdade foi uma confusão. O texto diz que um cidadão, provavelmente sujo por causa da chuva e visto agachado junto a um muro, teria sido confundido com uma criatura do espaço por três meninas. Ainda conforme o documento, um morador da cidade chamado Luiz Antônio, seria o homem visto no terreno baldio naquela época.
Em contato com o G1, a assessoria de comunicação do Exército brasileiro informou que o caso já está encerrado e que por isso não há mais comentários a se fazer sobre o assunto.