Se muitos brasileiros que não acompanharam o acesso do Figueirense em 2010 podem não saber quem é Roberto Firmino, convocado nesta quinta-feira para a Seleção Brasileira pela primeira vez, certamente os atuais campeões do mundo sabem. Na Alemanha, o meia-atacante de 23 anos, alagoano de Maceió, já tem status de grande jogador, conquistado com o excelente desempenho na última temporada da Bundesliga – que rendeu o prêmio de revelação do campeonato e também encantou o técnico Dunga.
"Firmino tem qualidade técnica e uma grande facilidade pra fazer gol, algo que temos buscado para a Seleção", elogiou o treinador brasileiro nesta quinta. De fato, os 16 gols marcados com a camisa do modesto Hoffenheim no Alemão 2013/14 colocaram Firmino em quarto na tabela de artilheiros do país campeão do mundo. Mas o camisa 10 é bem mais que isso: como exemplo, só o astro alemão Marco Reus deu mais assistências que ele na última temporada (14 contra 12). Para chegar até aí, porém, a trajetória não foi fácil.
Roberto Firmino começou na base do CRB de Alagoas e saiu para o Figueirense em 2008, com apenas 16 anos. Habilidoso e incisivo, o meia-atacante foi um dos destaques na Copa São Paulo de 2009, quando os catarinenses, defendendo o título, caíram para o Internacional nas oitavas de final. Aquele ano ainda não seria o da explosão: foram apenas dois jogos pelo time principal na Série B, que terminaria com o Figueirense na sexta colocação.
Em 2010, o jogo virou. Firmino passou a ser titular com mais frequência, foi campeão catarinense e entrou em campo em quase todos os jogos da Série B, marcando oito gols. Foi fundamental para o vice-campeonato e o acesso à primeira divisão, e era visto como grande promessa, apesar das críticas de alguns torcedores de "enfeitar" demais as jogadas.
Mas o torcedor não teve muito tempo para ver o garoto crescer: em março, seus direitos já haviam sido vendidos ao grupo do empresário Eduardo Uram, parceiro do Figueirense que também negociou jogadores como o lateral Lucas e o atacante Willian no fim do ano. Após a conquista do acesso, Firmino saiu para o Hoffenheim, da Alemanha.
O começo na Alemanha não foi fácil. Aos 19 anos, fez apenas 11 jogos no Campeonato Alemão em 2010/11, a maioria como reserva, mas já começou a chamar a atenção ao fazer três gols. Em novembro de 2011 veio o pior momento: ao lado do nigeriano Chinedu Obasi, foi afastado de um jogo do time principal por constantes problemas com atrasos.
temporadas seguintes foram de crescimento para Firmino: em 2011/12, virou titular do time e marcou sete gols no Alemão; em 2012/13, foi visto como importantíssimo para evitar o rebaixamento do Hoffenheim, sendo o principal homem de criação do time e anotando outros cinco gols. O talento do brasileiro já era palpável e rendia elogios na Alemanha, mas ainda faltava uma temporada para confirmar tudo isso.
O Roberto Firmino da temporada 2013/14 foi um jogador completamente diferente dos anos anteriores. Jogando solto no esquema do Hoffenheim, atrás de um centroavante e com liberdade para se movimentar, o alagoano explodiu: foram 16 gols e 12 assistências, liderando o modesto clube ao nono lugar. O estilo de toques a mais deu lugar a um meia-atacante objetivo e eficiente, com facilidade para finalizar e deixar companheiros na cara do gol.
As atuações de Firmino foram reconhecidas: ele foi premiado como revelação da temporada na Alemanha e renovou com o Hoffenheim até 2017. Mas é pouco provável que ele fique até lá, já que clubes como Arsenal e Inter de Milão já demonstraram interesse pelo camisa 10 na última janela de transferências. Convocado agora à Seleção Brasileira, o jovem que empolgava fãs do Figueirense na segunda divisão dá mais um passo para se firmar como jogador de ponta – e entrar de vez no cotidiano dos torcedores brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário