Dilma ganhou na urna por um triz, mas por mérito próprio. Seu principal mérito, ou de sua campanha, foi o de ter elevado a avaliação positiva de governo, de um índice de 32% de ótimo-bom (antes da propaganda na TV) para 46% na véspera das eleições, conforme o Ibope. A aprovação de como ela governa o país saltou de 47% para 58%. Com esses índices, talvez tenha indagado o eleitor, por que mudar?
Quando começou a campanha a baixa aprovação ao governo, que despencou após as manifestações de junho de 2013, era vista como o calcanhar de Aquiles de Dilma. Isto, aliado ao desejo por mudança expresso por mais de 70% dos eleitores nas pesquisas, colocava Dilma como uma candidata que dificilmente enfrentaria com sucesso um segundo turno. Os acontecimentos tomaram outro rumo. Foi uma vitória apertada, mas inconteste.
De alguma maneira a campanha de Dilma convenceu a maioria dos eleitores de que ela expressa a mudança que se quer no país, mudança que segundo a narrativa governista na TV começou em 2002 com a eleição de Lula e significa (em termos amplos) uma longa caminhada rumo a um país socialmente menos desigual. Goste-se ou mão, acredite-se ou não nisso, foi a mensagem abraçada pela maioria dos eleitores.
Da disputa sai o país dividido? Acredito que não.
Há muitas divergências no Brasil, é claro. Talvez fragmentação traduza melhor a realidade política do que “divisão”, pois esta palavra carrega em si uma carga de conflito que vai além da resolução por vias pacíficas ou democráticas. O Brasil não vive uma situação de conflagração nesses termos (isto envolveria certamente choques de interesses econômicos sequer aventados em 2014). Viveu, isso sim, três meses de vivência democrática, que em nosso país, como muita coisa, é também carnavalizada, nos seus arroubos, encenações públicas e exageros, tão nossos.
Nos próximos dias viveremos a nossa quarta-feira de cinzas da campanha eleitoral. A vida continua, com suas belezas e dificuldades.
Por Rogério Jordão
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